15/08/2023 09:57
Engenharia brasileira na vanguarda da sustentabilidade

Descarbonização na pauta da SOEA com palestra do cientista e Prêmio Nobel da Paz, Rattan Lal

Com dimensões continentais e abundância de recursos naturais, o Brasil ocupa posição estratégica para fazer frente aos efeitos das mudanças climáticas. A expectativa internacional é que o País assuma a dianteira e sirva de exemplo para outras nações ao encontrar soluções inovadoras para mitigar o impacto das atividades humanas no planeta. E, para isso, a área tecnológica possui papel fundamental, com os mais de 1 milhão de profissionais das Engenharias, Agronomia e Geociências registrados no Sistema Confea/Crea.

Parte da programação da 78ª SOEA esteve ancorada no debate sobre o impacto da crise climática e a atuação das profissões para resolver desafios como a transição energética, a descarbonização, o desenvolvimento de políticas públicas, a gestão estratégica para conservação e preservação, entre outros.

Considerado a maior autoridade em ciências do solo do mundo, o professor emérito da Universidade de Ohio, Rattan Lal, proferiu palestra sobre sequestro de carbono e como a agricultura brasileira pode contribuir para a sustentabilidade global. O cientista, que já recebeu o Prêmio Nobel da Paz e o Prêmio Mundial da Alimentação, concedeu uma verdadeira aula sobre o futuro da humanidade. Aplaudido de pé pelo público, Lal iniciou a sua apresentação trazendo o ciclo de carbono e os tipos existentes, além de destacar as atuais emissões globais de CO2 diante do uso de combustíveis fósseis.

“Quanto o mundo pode emitir de carbono antes de estar em um ponto de não retorno? 560 ppm (partes por milhão). Esse é o número. E como a emissão deve ser dividida entre as nações do mundo? Nessa decisão muito importante, os países do BRICs (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) podem fazer uma diferença tremenda. Os passos para mitigar a mudança climática são o armazenamento de carbono, o reflorestamento, a plantação de biocombustíveis e o Brasil é líder global aqui”, disse.

Rattan Lal (Nobel da Paz e Prêmio Mundial da Alimentação 2020)| foto: Emmanuel Denaui / CREA-SP Divulgação

Rattan Lal destacou a posição da agricultura brasileira nesse cenário. “O futuro da agricultura do Brasil e do mundo, ao invés de ser baseado em variedade e quantidade de matéria prima, deve ser baseado em solo, na sua saúde e resiliência. A ecoeficiência é muito importante. Trazer o conhecimento e a ciência para tirar mais com menos. A agricultura tem que ser uma solução na qual o solo se torna um armazenamento, algo que irá absorver o carbono. Os engenheiros devem pesquisar mais o uso de nitrogênio como fertilizante para neutralizar o carbono, pois a gestão no solo muda o carbono orgânico e inorgânico”, observou.

E continuou: “Até o momento, ignoramos as mudanças nesse manejo e isso nos leva ao assunto da saúde do solo em relação à sua capacidade como uma entidade ativamente biológica. O solo é vivo como qualquer outro ser vivo: 25% da biodiversidade está ali e é o que torna a sua saúde tão importante. O solo e a vida evoluíram em conjunto. Não existe vida sem o solo e não existe solo sem vida”, ressaltou.

Lal explicou que o solo interage em nanoescala, sendo o único lugar do universo com poderes divinos para ressurgir a vida. “Essa capacidade de suporte à vida do solo depende da sua saúde. Tudo está interconectado. É indivisível”, reforçou.

Rattan Lal (Nobel da Paz e Prêmio Mundial da Alimentação 2020)| foto: Emmanuel Denaui / CREA-SP Divulgação

E é por isso que o cientista aponta como imprescindível a agricultura regenerativa, com inovação digital e uso de equipamentos de precisão. A meta tem que ser a emissão negativa e não a emissão zero, avaliou Rattan Lal. “Precisamos recompensar os produtores rurais pelo sequestro de carbono. O solo é uma conta bancária e os ganhos devem ser maiores do que as perdas. A lei do retorno diz que qualquer coisa tirada do solo deve ser devolvida no mesmo local, de uma forma ou de outra. Em países em desenvolvimento, temos a tendência oposta: o que colocamos é sempre menor do que tiramos e a partir disso, ocorrem fenômenos como erosão e lixiviação. É a transição que temos que fazer e espero que o Brasil possa promover esse sucesso da sua agricultura em outros lugares”, apontou.

Reflorestamento da Amazônia para aumentar a capacidade de armazenamento de carbono no solo deve ser a agenda defendida. “Não devemos levar a agricultura para lá. E sim aumentar a eficiência para trazer mais produtividade globalmente. Temos um futuro brilhante com o exemplo da agricultura do Brasil, que deve ser uma solução para as questões ambientais. Precisamos de políticas que sejam para a promoção de um solo saudável que reflete em dieta saudável, pessoas saudáveis, um ecossistema saudável. Assim, teremos um planeta saudável”, enfatizou.

Hidrogênio verde e as perspectivas para a Engenharia

Eng. Eletroquim. Thiago Lopes, professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador de projetos no Research Centre for Greenhouse Gas Innovation (RCGI), apresentou o panorama em relação ao hidrogênio verde e como o País pode alcançar o protagonismo com a descarbonização. “Tivemos um prêmio de inovação em 2019 por essas cavernas perfuráveis, construídas na camada de sal do pré-sal, para uma pré-separação de metano e CO2. Isso nos trouxe know-how pois mostramos o potencial de estocagem nessas cavernas”, pontuou.

Rattan Lal (Nobel da Paz e Prêmio Mundial da Alimentação 2020)| foto: Emmanuel Denaui / CREA-SP Divulgação

Historicamente, o Brasil não é o que mais emite CO2, mas Lopes avalia que a conta é preocupante. “Estamos aumentando o nosso débito e precisamos pagar essa dívida. Não apenas parar de emitir, e sim emitir de forma negativa, ou seja, estocar mais CO2 do que emitimos, para que possamos retornar aos níveis da pré-revolução industrial. Temos que descarbonizar todos os setores, mas agricultura e transporte são os mais importantes porque são os maiores emissores de gás carbônico na atmosfera”, apontou.

O hidrogênio verde a partir do etanol é visto como competitivo pelo custo para sua produção. Além disso, Lopes destacou a estocagem geológica de hidrogênio, que em sua avaliação traz condição geopolítica importante, devido à capacidade de volume produzido somada ao volume estocado. “Temos potencial de protagonismo justo e merecido. E com relação ao desenvolvimento socioeconômico, olhar as peculiaridades nacionais trará diversificação e um número maior de empregos de valor agregado, com desenvolvimento de tecnologias. Nesse sentido, a Engenharia tem papel fundamental e é importantíssimo que possamos desenvolver esses profissionais”, finalizou.

Produzido pela CDI Comunicação

Evento ocorre de 8 a 11 de Agosto no Serra Park em Gramado/RS | Palestra sobre “(Sequestro de Carbono – Como a agricultura brasileira pode contribuir para a sustentabilidade global” com Rattan Lal (Nobel da Paz e Prêmio Mundial da Alimentação 2020)| foto: Emmanuel Denaui / CREA-SP DivulgaçãoEvento ocorre de 8 a 11 de Agosto no Serra Park em Gramado/RS | Palestra sobre “(Sequestro de Carbono – Como a agricultura brasileira pode contribuir para a sustentabilidade global” com Rattan Lal (Nobel da Paz e Prêmio Mundial da Alimentação 2020)| foto: Emmanuel Denaui / CREA-SP DivulgaçãoEvento ocorre de 8 a 11 de Agosto no Serra Park em Gramado/RS | Palestra sobre “(Sequestro de Carbono – Como a agricultura brasileira pode contribuir para a sustentabilidade global” com Rattan Lal (Nobel da Paz e Prêmio Mundial da Alimentação 2020)| foto: Emmanuel Denaui / CREA-SP Divulgação


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